sexta-feira, 31 de julho de 2009

Velhice chegando

Como sou boa filha e boa neta, ontem à noite acompanhei mamãe e vovó à igreja numa programação especial.

Tudo estava bem, até a hora da mensagem musical. Um rapaz e uma moça de uns 18, 20 anos, fizeram um dueto. Coisa tchuchuca: trocavam olhares, depois viravam-se para nós quase coreograficamente. Sorriso no rosto no maior estilo TFP de juventude cristã.

Então tive que me segurar para não cair na gargalhada. Porque vendo o casal cantante, lembrei-me imediatamente de Luan e Vanessa, restos da minha infância oitenta-noventa.



Olhei pro lado para dividir a minha epifania... e só tinha meus priminhos de 15 a 20 anos perto de mim. Eles não iriam entender nada se eu começasse a cantar ali: "o seu nome eu escrevi na areia/ a onda do mar apagou/ em cada pôr-do-sol/ a saudade incendeia/ meu coração..."! Putz, cadê minha prima pré-balzaca, que entende todas essas lembranças malucas de infância e dançava lambada comigo?




Eu não sei se estou ficando velha e ultrapassada ou se é essa galerinha nova que perdeu uma época de ouro. Quem não conhece "Adocica, meu amor, adocica/ Adocica, meu amor, a minha vida ôôôô..." perdeu metade da vida.
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Update: lembrei agora que tocava essa música no teclado quando fazia aulas. Teclado! Céus, que vergonha! Sim... aquela coisinha com teclas moles onde a gente escolhe o ritmo cafoninha e toca a melodia que fazia muito sucesso nos anos 80. Faltou 6 meses para eu completar o curso. Se nada mais der certo, vou bater na porta do estúdio do Frank Aguiar.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Mais calminha e com Jesus no coração

Almocei, gastei meu dinheirinho na 25 de março. Agora estou mais calma, depois dos últimos posts master of war wannabe. Estou com muito ódio nesse coraçãozinho e preciso me converter. Então decidi mudar de abordagem para não acabar no mármore do inferno.

"Querida irmã, na Bíblia está escrito que a cobiça é um pecado. E isso certamente inclui cobiçar o homem alheio. Reflita sobre isso e peça para o Espírito Santo tocar o teu coração para que consiga lutar contra esse pecado. Mandar mensagens para homens comprometidos certamente não é algo que agrada a Deus, tampouco ao próximo. Além disso, o teu pecado está me fazendo pecar também quando cedo ao ódio, ao desejar que coisas ruins te aconteçam (oi, Hildebrando!), e perdendo o tempo que poderia usar para o louvor pensando em como você é pecadora e merece castigo.

"Irmã, vou rezar por você.

"E quando eu rezo, ACONTECE!"

Reflita, irmã. Reflita.
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Blikzkrieg



Got it, bitch?
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Comofás?

Será que alguém com vocação para Blair Waldorf pode ensinar uma mocinha boazinha como eu como se acaba com a vida de alguém com classe? Infelizmente eu sou ciumenta bagarai.

Mas não consigo ser barraqueira, porque além de phyyyna eu não sei discutir baixarias, minha macumba se volta contra mim, não sou faixa preta, não sei mandar vírus pelo computador e minha tendinite deixa meu soco bem fraquinho. Não suporto mulher folgada que não respeita namorado alheio e nem sabe escrever Schopenhauer!

[notaram que se der em cima do namorado, tudo bem. Mas se escrever "Shopenhauer" merece levar uma voadora com salto agulha Louboutin pra sola do sapato combinar com o sangue espirrando, né?]

Então, como eu faço? Praguejo? Mando antrax por carta? Faço amizade com o Hildebrando Pascoal e peço uns favores? Vendo a alma para algum deus sanguinário? Adoto o russian way of life?

Precisa ser um método ninja discreto e eficiente.

Pessoas más, me deem uma luz!



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*Esse é pros 23+

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terça-feira, 28 de julho de 2009

Fiz as pazes com a USP

Ontem fui à USP buscar meu diploma. Depois de quase dois anos, diga-se de passagem. Saí de lá com raiva de tanto intelectualismo sem objetivo e porque não consegui puxar o saco de nenhum professor.
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Mas ontem, quando entrei no prédio do meio e senti o velho cheiro de mofo, quase chorei. Porque ontem eu estava num dia feliz e emocionadinho. Peguei meu diploma, pronto desde maio do ano passado e sentei num banco para babar nele. Sim... ele é grande, com caligrafia feita à mão e tem o brasão da USP. Imediatamente esqueci que minha faculdade até hoje não me rendeu muitos reaizinhos e liguei imediatamente para a minha mãe: "Mãaaaae, meu diploma é liiiiiiiiindo!". Época de férias, quase ninguém pelos corredores. Então um segurança se virou pro outro e perguntou: "E aí, Pereira... você tem algum amigo viado?". Decidi ir pra biblioteca.
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Encontrei lá os vários volumes de O Ramo de Ouro, um clássico da Antropologia. E eu, boba, quase chorei de novo por ter abandonado tais livros. O primeiro volume sobre magia e religião me deixou em êxtase. Vontade de jogar todos os livros do CACD num canto e passar a semana lendo sobre magia, deus agonizante, tabus, espíritos do milho.

[aliás, já disse que antropólogo faz a macumba e mostra a tese, mas eu não me arrisco nessa brincadeira. Comecei a falar brincando que aprendi macumba na faculdade e o resultado foi esse, em apenas UMA semana: quase apanhei de uma mulher na rua, perdi um avião pra Vitória, levei um soco sem querer de uma amiga que me deixou a mandíbula roxa por uma semana, levei um tombo colossal na UFES em público e fiz a luz do Shopping Vitória acabar]
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Mas dessa vez minha visita foi especial, porque estava com meu namorado e ele é mais um fflchiano saudosista. Engraçado termos cruzado anonimamente por 4 anos pelos mesmos corredores e só agora, fora dali, nos entendermos. Ficamos sentados no banco relembrando os velhos tempos e fazendo planosInfelizmente ele decidiu colar grau só esse ano, e o diploma dele é uma coisinha colorida, tamanho A4 e mixuruca que só vendo. Segundo ele, parece certificado de cabeleireiro. É a FFLCH se profissionalizando... sabem que o diploma de Filosofia dele não servirá pra nada. Então o aluno já sai de lá com um ofício para começar a vida. Não é bárbaro?
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domingo, 26 de julho de 2009

Macho que é macho...

Passei a manhã lendo sobre a Revolução Russa. Porque eu sou uma alienígena que acorda às 8 da matina no domingo, puxa um livro e lapiseira e fica lendo na cama até as 10 hrs.

E gente... fiquei impressionada com a macheza dos russos... fala sério! Eu já era fã do Raskolnikov e sua maneira prática de ver o mundo. Esse povo é que sabe resolver as coisas!

A família real prisioneira tá gastando demais com arroz e strogonoff? Fuzile tomo mundo e alimente três famílias pobres!

Os contra-revolucionários estão torrando a paciência? Vamos matar todos eles, oras. Exílio é coisa de viado... e eles poderiam voltar, não? Ter medo de fantasma puxando seu pé é pros fracos. Então, qual é o problema?

Os fazendeiros não querem dividir as terras com o povão? É só confiscar as terras e mandá-los calar a boca, certo? Errado!!! Vamos matar todos também! Morto não reclama, não fica ressentido e nem passa fome. Muito menos se revolta.

Mas não pensem que no Irã acontece coisa parecida. Nem pense que o Bush também é machão porque invadiu o Iraque e acabou com tudo. Porque essas frutinhas dão um monte de desculpas esfarrapadas para as suas matanças: "Precisamos defender o país dos malvados ocidentais", "Precisamos espalhar a democracia e acabar com o feio do Saddam Hussein!". Covardia. Os russos não dão desculpinhas. Eles matam uns milhares e quem achar isso um horror ainda ouve um: "Tá reclamando do quê? Quem entrar na dança também e calar a boca de vez?"

Queria ver isso aqui no Brasil. Um dia o presidente acorda e pensa: "Caramba, o Congresso não aprova nada do que faço... quer saber? Cansei!".
Ahh... ia ser tão divertido!
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sábado, 25 de julho de 2009

Linda e magra: é possível?

Como qualquer pessoa normal que não nasceu com genes de Gisele, eu tenho que controlar o que como para não ver o resultado na cintura (ou pior, nas bochechas). Mas não tive sorte com remédios, dieta dos pontos, bulimia ou curandeirismo. E como eu sou super bacana, vou dividir com vocês as minhas dicas infalíveis.


A dieta da USP
Quem disse que é lorota? Pois ela é muito eficiente, é só fazer da maneira correta. Faça uma visitinha à USP e perceberá que lá não há muita gente obesa. O segredo? Eu revelo pra vocês com exclusividade! É só seguir os seguintes passos para ter corpinho de intelectual miss:

1. Passe no vestibular da FUVEST. Dependendo do curso desejado, a preparação tomará todas as tuas horas livres (separe 4 horas para dormir) e não sobrará muito tempo pra comida.

2. Depois que passar no vestibular, matricule-se naquelas matérias com os professores mais famosos. Se o horário não é integral, faça matérias em pelo menos dois períodos. Mais uma vez, não sobrará tempo para comer um sanduíche natural.

3. Se a tentação fôr grande, almoce apenas no bandejão central. Você terá que andar um gramadão enorme, talvez o motel - ops - a praça do relógio inteira e enfrentará uma fila colossal para comer arroz e feijão preto, uns nervos que eles chamam de carne e um suco de água suja. Se não desistir no meio do caminho, queimará calorias na caminhada e no sol escaldante.

Pronto. Depois de alguns meses chegará o fim do semestre. Aí você encerra com chave de ouro. Além de magra, estará levemente louca. Mas linda, benhê!



A dieta da ex
Ex deve servir pra alguma coisa. Mas essa só dá certo se você fôr ciumenta. Nesse caso, terá que combinar antecipadamente com o seu namorado. Pra começar, almocem ou jantem juntos todas as vezes que puderem, pois dieta uma vez por semana só vale pra sofrer, e não emagrecer.

1. Peça ao seu namorado para observar a quantidade de comida que você ingere. Até controlar a quantidade necessária para você manter-se em pé e nada mais.

2. Nesse momento, ele deve começar a falar da ex. Qualquer coisa, mesmo que seja reclamação.

É feitiçaria? É tecnologia? Não sei! Mas a fome acabará no mesmo instante! O que estiver na sua boca vai crescer e a sua garganta vai fechar. Nem brigadeiro de colher vai te tentar, querida.


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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Biblioteca para inimigos

Já deu pra perceber que não sou uma mocinha do amor. Sou mais dada ao ódio. E eu tinha que odiar alguns dos livros da bibliografia do CACD, é lógico. Independentemente da matéria. Choro pra estudar Economia, mas o Santo Mankiw (protetor dos dummies) é meu queridinho.

Pela lista a seguir perceberão que estou bem no começo dos estudos. Não me olhem com desprezo, sentimento muito presente entre os diplomatas wannabe que já acham que são superiores simplesmente porque estudam para um concurso que tem mais de dez páginas de bibliografia (e fizeram o concurso pra ofchan escondidos, que eu sei e tenho provas!).

Por uma outra globalização, Milton Santos: é básico, eu sei. Me apedrejem. Mas aquilo parece um livro de comunicação pseudo-culto, Gizuis! "oh, estamos numa nova era", "as novas tecnologias isso", "a Era de Aquários aquilo". Chato pra burro! É fininho e se lê numa tarde de domingo, mas eu não consegui até agora! Curto muito mais decorar o relevo brasileiro.

A Era das Revoluções, A Era do Capital, etc., Hobsbawn: chamados pelos íntimos de "As Eras do Hobs". Se não tiver lido um bom livro de História do Ensino Médio (a velha aqui já ia escrever "segundo grau") como o do Edward Burns, o leitor pode acabar boiando. E dá pra perceber logo que o cara é marxista, pois sempre dedica ao menos metade do livro aos "trabalhadores do mundo". Já me bastam os anarco-mauricinhos que suportei na faculdade por 5 anos e seus discursos no saguão sobre a Alca, o FMI e a Palestina que interrompiam as aulas.
E quando ele começa a despejar datas e números para provar algo? "Em 1820 os Estados Unidos tinham 150 km de ferrovias, em 1850 eram 300 km de ferrovias e em 1900 já eram 1850 km...". Caraca, se eu vejo números na minha frente, minha cabeça funde! É por isso que quero o CACD, e não o concurso para Fiscal de Rendas! Eu entenderia melhor se ele dissesse: "Ó, gente, as ferrovias aumentaram um montão no século XIX nos Estados Unidos. Entenderam, crianças?".

Casa Grande e Senzala, Gilberto Freire: já vou logo dizendo que o livro é uma delícia de se ler. No fim a gente acha que vive num país lindo e que todas as raças se amam. Sei de gente que chorou no fim do livro (né, não, Siddi?). Mas eu acho racista e ponto final. Sei que devemos entendê-lo de acordo com a época em que foi escrito e perdoar o Gil. Mas tem gente que não tem esse filtro e não teve a felicidade que eu tive de estudar esse livro com a gloriosa Lilia Schwarcz.

Visões do Paraíso, Sérgio Buarque de Holanda: gostei muito do outro livro, o Raízes do Brasil (numa biblioteca de botânica perto de você!). Mas esse parece ter um assunto interessantíssimo e no fim é enfadonho toda vida. Tem pérolas, curiosidades... mas até chegar em uma delas, você terá umas dez páginas de puro tédio. Se entender, é claro. Porque ele tem mania de fazer ctrl+c e ctrl+v de cartas em português arcaico, documentos e diários que fazem a gente perder o foco. Na terceira página de "muitieremá" pra cá e pra lá, a gente nem sabe mais o que está lendo.
Sem falar que deixei esse livro em cima da mesa do trabalho e fui almoçar. E na volta os evangélicos já perguntaram se aquele livro era religioso e do que se tratava.

História Concisa do Brasil, Bóris Fausto: nem pense em usá-lo no lugar do História do Brasil, aquele livro enorme que custa os olhos da cara (ah, você também estava com pouco dinheiro na hora de escolher, né!). Ele espreme a Guerra do Paraguai em uma página e só um gênio consegue decorar aquilo (pela disposição dos fatos, parece mesmo feito para decorar). Porque aquilo não é pra entender História do Brasil... aquilo é quase uma daquelas Cronologias de fim de livro de história. No entanto, é ótimo para ser lido depois de ter devorado e fichado o livrão-papai.

Curso de Direito Internacional Público, Celso Duvivier de A. de Mello: Zzzzzzzzz....

Bem, crianças, esses são os que me lembro agora. Sei que terei muitos pela frente. E infelizmente boa parte deles não tem substitutos. Meu namorado fala tanto num Cançado Trindade que eu tenho até medo de enfrentar (mamães de futuros juristas, não maltratem seus filhos na hora de registrar! Todo jurista famoso tem nome de velho cheio de teias de aranha, não?).

Mais algum pra lista?


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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Por quê o Itamaraty?

A maior parte dos concurseiros define seus objetivos de acordo como o salário do concurso, grau de dificuldade, status. E aí, nem sempre importa o órgão ou entidade visado. Talvez distinguam entre Executivo e Judiciário, pois o Judiciário costuma pagar mais e ter um monte de regalias.


Mas quem decide ser diplomata dificilmente escolhe a carreira apenas pelo salário, que não é lá tão alto, comparado a outras carreiras públicas. Talvez pelo status. Ou por patriotismo, porque quer acabar com o conflito árabe-israelense, porque quer morar em Paris, porque quer explodir em Bagdá a serviço da ONU e virar mártir.


Enfim... o salário não compensa a dificuldade do concurso. Dizem as más línguas que é o mais difícil do Brasil. Já incluiu provas orais, e hoje em dia são provas escritas divididas em quatro fases que incluem Português, Direito, História Geral e do Brasil, Geografia, Economia, Política Internacional, Inglês, Francês e Espanhol. A bibliografia recomendada tem páginas e mais páginas de livros, só a primeira fase não é discursiva e pessoas quem tentam mais de quatro vezes costumam enlouquecer. Não é raro que os candidatos larguem tudo, voltem para a casa dos pais e fiquem estudando 8 horas ou mais todos os dias. Perdem os amigos, com o tempo nem sabem mais o que é um barzinho e descoram devido à pouca exposição à luz do sol. Tudo isso por um salário que pode ser menor do que o de um Auditor, um Fiscal, um juiz.



Canditado depois de cinco tentativas
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Então por quê essas criaturas insistem em ser diplomatas? Geralmente são pessoas que tem fogo no rabo pra viajar, gostam das matérias que caem no concurso (eu, por exemplo, prefiro enfrentar Política Internacional a um livro estilo "Informática para Concursos") e possuem um grau mínimo de insanidade.



Candidato depois de sete tentativas


No meu caso, conheci o concurso quando ainda era adolescente e lia FOVEST (complemento da Folha de São Paulo sobre vestibular) e Vestibuol. E na FOVEST tinha uma coluna que falava sobre uma profissão por semana. Certa semana o assunto foi justamente a carreira diplomática. Lá falava sobre a prova (ainda oral e ainda exigindo conhecimentos gerais - música, literatura, etc) e a carreira, é claro. Fiquei encantada. Achei que eu, a nerd da escola, tinha condições plenas de passar naquilo. Aliás, achei que aquele concurso era um dos poucos que fazia jus à minha inteligência (cof-cof-cof). É, eu era metida pra cacete. Isso geralmente acontece com os CDF's com poucos amigos que passam as férias inteiras ouvindo Chopin, lendo Dostoievski e desenhando sozinha e se achando o máximo por isso. [depois que entrei na USP vi que eu era uma amebinha no meio de tantas pessoas muito mais qualificadas... e essas eram muitas: só estavam escondidas como eu]

Depois de um tempo esqueci. Volta e meia a idéia voltava, mesmo na faculdade. Então prestava mais atenção nas aulas de política, comprava algum livro relacionado ao assunto e esquecia novamente. Afinal, eu não tenho lá muito dinheiro, e não sabia falar inglês muito bem porque não podia bancar um curso por anos a fio ou fazer intercâmbio. Deixei para pensar no concurso quando tivesse bom domínio do idioma.

Então arranjei um namorado bolha que às vezes parecia querer competir comigo. Sei lá. Só sei que ele falava inglês, francês, alemão, javanês e nheengatu. E botou na minha cabeça que o concurso era muuuuuiiito difíiiiiicil. Aí desanimei de vez.

Mas.... mas... quem quis MRE uma vez nunca vai aceitar outra coisa com tranquilidade, não é?

Ano passado descobri o concurso para Oficial de Chancelaria. E pareceu perfeito, pois era mais simples, a carreira inclui viagens internacionais e eu - que jamais teria capacidade para um concurso muuuuuuiiito difíiiiiicil - teria até chance de passar. Assim... um diplomata muito do genérico. Fiz o concurso. Passei. Ainda tomarei posse. [não estou desprezando a carreira. Ela tem vantagens em relação à carreira diplomática, certamente. Mas se o objetivo é a diplomacia, pode gerar ofchans frustrados]

Então a coceirinha do CACD voltou. Desta vez com força (e inglês melhor). E cansei de ficar estudando Informática, Contabilidade, Raciocínio Lógico, essas coisas todas chatas de concursos comuns. Eu me divirto com a bibliografia. Mesmo. Não sei se é no ano que vem, no outro, ou daqui 5 anos (quando já estarei enlouquecendo, segundo a lógica do concurso). Mas estou satisfeita em retomar um sonho tão antigo, porque eu não aceito mais nada que não seja Itamaraty. [dizem que lá não é isso tudo, que o prédio é cheio de baratas e que posso acabar morando em Brazzaville - Congo. Mas e daí? Quero ver de perto e depois reclamar com propriedade]


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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Estimulando a economia (a outra)

Outro dia a caléga me perguntou se tinha TV a cabo. Respondi que sim, pois minha mãe demorar para dormir porque sente muitas dores. Então ela fica assistindo filmes até a madrugada.

Mordi a isca. Ela arregalou os olhos como se tivesse encontrado o Michael Jackson vivo (no mesmo condomínio onde se escondem Elvis e Hitler).


"Nãaaaaaaooo. Não precisa de TV a cabo! Olha só... no SBT tem filme até tarde da noite, depois na Globo também tem filmes até a madrugada!"




Pronto. Choquei a caléga com meus gastos astronômicos.


Há meses cheguei toda feliz de roupa nova no trabalho, porque eu sou fashion, benhê. A caléga então veio me dar conselhos importantes:

"Você não precisa comprar roupas novas! Na verdade, a gente tem tudo o que precisa em casa!"

Ela dizia isso enquanto cerzia uma saia e usava uma tailleur laranjão, com ombreiras de dar inveja à Balmain e botões dourados. Ah, minha infância oitentista...

Agora aprendi. Hoje me perguntou já assustada se o meu vestido é novo. "Novo? Não... comprei no verão. É que amarrei a gola de forma diferente, por isso você não se lembra dele." Fiz um caléga respirar aliviado hoje, praise me.


......
ps: pergunta se eu tenho coragem de gastar 600 reais na mini-TV que a caléga tem em cima da mesa do trabalho para acompanhar Vale a Pena Ver de Novo, pergunta!
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Cuidado!

Semana-TPM. Preparada para mais alguns dias de pensamentos assassinos. É quando eu descubro que a minha vida é infeliz, que tudo o que é bom é efêmero e que nada tem jeito.

Por quê achamos que nos enganamos quando pensamos em coisas boas e que encaramos a realidade quando pensamos em coisas ruins?

(esse blog já está ficando chato... eu não tenho mais idéias legais... eu sou uma burra sem humor... eu não sirvo nem pra fazer um blog...)

Péssima época para estudar Economia. Há grandes chances de acabar chorando em cima do livro ao chegar no primeiro cálculo (e eu já choro em qualquer época do mês com isso).

Péssima época para estudar Política Internacional. Eu vou bolar um plano para causar a Terceira Guerra Mundial só para ver sangue. E talvez um dia passe no CACD, num futuro longínquo tenha alguma posição de destaque capaz de influenciar pessoas e... entre na TPM.


É hora de descontar:
  1. No brigadeiro de colher
  2. No meu namorado
  3. No trânsito


O mais engraçado é que acaba de repente. Acordamos felizes um dia, olhamos pra trás e vemos uma cena de fim de batalha: os destroços, pedaços de corpos ensaguentados e uma fumacinha lá longe. É por isso que aviso todo mundo e peço para fingirem que me dão atenção. Porque logo passa.



Fooooge, Lu!!!


sábado, 18 de julho de 2009

Quem gosta de passar o sábado à noite em casa estudando geografia levanta a mão!
Eeeeeeee!!!!




Recursos minerais do Brasil? Atóooron!
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Hare baba é a vovozinha!

Não assisto a novela das oito, não tenho vontade de conhecer a Índia e não conheço nenhum indiano. Sei que uma típica antropóloga tem a cabeça aberta, adora uma roupinha indiana e acha toda cultura diferente a coisa mais linda. Acreditem, eu já passei por essa fase.

Mas na boa... não caio nesse papinho de transformação espiritual na Índia, não.

Outro dia um indiano pediu para ser meu amigo no orkut. Um tal de "king saurav looking for his queen" (e esse nick me deu indigestão de tanta cafonisse), perguntando: "Do you want to be my true friend?" (mode mente preconceituosa on: li com "sotaque" bollywoodiano: "du iú uan tu bí mái trrrrru frrrreind?). Me chamem de grossa, de ignorante, de tudo pela minha resposta: disse que não tinha tempo para ter amigos na internet e não achava de bom tom (óia que expressão vintage) conversar com homens desconhecidos porque tinha namorado. Depois um árabe de óculos escuros e lenço na cabeça (agora esqueci o nome árabe daquilo) também "requestou" minha amizade, e minha resposta foi um seco: "Não tenho interesse. Além disso, meu namorado é ciumento".

Pareço machista pelas respostas? Acham que meu namorado me obriga a andar de cabeça baixa pela rua e me proíbe de conversar com homens para não espalhar a corrupção pela Terra? Longe disso! Olha só... já iam pensar mal do Lu, tão bonzinho! Mas eu sei bem que os homens indianos, paquistaneses, árabes e toda a galera que morre de inveja do Ocidente acham que mulher ocidental é tudo puta! E eu, com essa cara de inglesa sem sal que tenho, e nem branca sou (estou mais para fosforescente), devo parecer mais puta ainda. Pior: a branquela que eles sonham ter, mas com as quais nunca se casariam. Dispenso a amizade. Se por lá eles não costumam ter amizade com mulheres, por quê eles procurariam uma amizade "genuína" com uma branquela ocidental?

Sei que muita gente me apedrejaria por isso. Muitas mulheres têm amigos virtuais paquistaneses, indianos (agora tá na moda, e eles devem aproveitar o sucesso com a mulherada daqui), egípcios, sírios, o escambau. Eu não condeno. Cada um tem amizade com quem quer e uma das maravilhas da internet é permitir o contato entre pessoas de culturas tão diferentes. Uma consequência boa é a quebra de muitos preconceitos. Ler sobre os malvados muçulmanos na Revista Veja não é a mesma coisa que perguntar diretamente a um sobre tudo o que se diz deles por aí.

Mas mulher é bicho burro, e costuma se encantar com essas culturas. Geralmente esses homens não têm medo de compromisso sério, e elas começam logo a sonhar com seu príncipe indiano que se casará com elas e as levará para viver num palácio no Rajastão. Logo estão noivas e se mandam para o outro lado do mundo. Se casam e depois... só Deus sabe. Algumas dão sorte, se adaptam, encontram bons maridos. Outras podem ser jogadas de repente dentro de culturas machistas, conhecem uma realidade bem diferente do sonho exótico do marido estrangeiro e depois não conseguem se libertar (ou porque estão sozinhas num outro país, ou porque podem perder a guarda dos filhos, etc).

Não que eu tenha medo de me casar com um dalit fingindo ser brâmane. Mas na boa... se não entende que nem toda mulher ocidental é puta, não quero saber. Eu não quero ser puta em potencial, não. Não me encanto mais com exotismo: brimo com torneira de petróleo em casa, paki de bata amarelo-ovo, festinha de casamento colorida. Nem por isso tenho horror a essas culturas: eu estudo árabe e amo o Ibn Khaldun e o Edward Said de paixão. Tenho enorme respeito pela civilização islâmica dos séculos XII e XIII (nessa época eles já tinham universidades e a Europa era um lugar frio, pobre e cheio de gente doente e fedidinha que nunca tomava banho).

Posso acabar dando fora em muita gente legal, mas eu já tive minha cota. Portanto, se você pertence a uma casta, tem foto de camisolão e turbante e tem um nick cafona como só a galerinha do Oriente consegue bolar e gosta de muito-ouro-inshallah, não terá muito sucesso ao tentar me adicionar no orkut.

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sexta-feira, 17 de julho de 2009

Reclamando à toa

Acho que desta vez nem macumba braba me impede de ser ofchan. Nem macumba de antropólogo, que é mais forte (antropólogo faz a macumba e mostra a tese depois... sinistro).

Hoje saiu o resultado do CACD 2009. E me parece que eles aprovaram todos os 109 que passaram para a quarta fase (e eram 105 vagas). Uns 13 ou 14 que estavam na minha frente entre os aprovados para ofchan passaram, inclusive o 109º. E eu os parabenizo. Conheci alguns no Curso de Formação para Oficial de Chancelaria no mês passado, alguns nem almoçavam só para estudar (a primeira prova da terceira fase foi no meio do curso). Merecem.

Eu queria muito ser oficial de chancelaria no ano passado. Foi um ano no qual estudei intensamente para concursos, e essa era a carreira perfeita pra mim: era no MRE (e a diplomacia é um sonho que tenho desde a adolescência), um salário razoável, uma prova atípica que espantaria os concurseiros profissionais, possibilidade de ser removida para o exterior depois de 2 anos. Ora, pra quem sempre sonhou com o mundo e fez a loucura de cursar Antropologia em razão (ou desrazão) disso, nada melhor!
Também estava num outro momento da vida, sonhando mesmo em desbravar o mundo sozinha.

Mas tudo mudou. Aliás, começou a mudar no dia em que fiz a prova do concurso. E agora tenho medo de me mudar para Brasília. Amei a cidade, apesar da propaganda negativa. Chegar em casa em menos de uma hora, para um paulistano, é o paraíso na Terra. Tudo bem que estou me afogando em melona e tentando descobrir como viverei sem 25 de março e Liberdade, mas ganharei qualidade de vida.

Só que lá estarei também sozinha. Vou morar sozinha pela primeira vez e deixarei namorado em Sampa. Olha... ontem bateu uma tristeza que só vendo. Fazendo as contas com o salário de ofchan: aluguel, passagem de avião pra São Paulo, transporte, passagem de avião pra São Paulo, comida, passagem de avião pra São Paulo, roupas, passagem de avião pra São Paulo, eletrodomésticos, passagem de avião pra São Paulo e passagem de avião pra São Paulo.

Meu amigo Mestre dos Magos, já morador de Brasília, me animou ainda mais: "No começo você vai achar tudo o máximo, vai se encantar com a cidade. Depois vai ver que isso aqui é podre, que você está sozinha. E vai querer voltar. Eu volto pra BH sempre que posso... não sei se é pra ver minha mãe, minha avó ou o cachorro. Acho que é por causa do cachorro."

Deu pra perceber que ele era meu amigo dos tempos da faculdade com quem trocava figurinhas sobre antidepressivos, né. E o pior é que esse pessimista filho da mãe nunca errou uma!

2010 vai ser o ano dos banhos de ofurô. Ofuroxetina.

E se Deus quiser Mestre dos Magos e sua boca santa vai para a Itália.

Wow

Coisas surpreendentes acontecem de vez em quando.

Só posso dizer uma coisa... protejam-se, porque vai chover canivetes, o Itamaraty vai ficar macho e meu irmão vai resenhar A República de Platão.

Necessito!

Olha, nem é por falta de dinheiro, não. Mas não consigo comprar óculos escuros decentes. Nunca me preocupei muito com eles, pois eu já uso óculos de grau quando tenho preguiça de usar lentes de contato. Mas agora eu simplesmente DE-SE-JO um par de óculos escuros bem grandes de ryca! Nada de modelinho de surfista ou aviador (modinha surfista me lembra botas pata de bode e o aviador é masculino demais). Quero oclão.


Ai, que falta de inspiração, hoje, hein! Promero compensar mais tarde. Mas é que hoje saí e experimentei mais um monte de óculos, e NENHUM ficou bom no meu rosto. Mais uma vez.


Achei essa imagem linda de um editorial com a Kate Winslet. Resolvi guardar. Diva!



quinta-feira, 16 de julho de 2009

Psicología Paraguaya, si senõr

Se tem uma coisa que me dá vontade de sair correndo, são os conselhos sábios de pessoas que acham que têm um dom inato para a psicologia. Não se engane: elas povoam o mundo. Geralmente são mulheres. Mas nenhuma delas completou sequer um semestre na faculdade de psicologia (aliás, já perceberam que gente louca adora fazer psicologia? Para tentar entender a própria loucura, talvez? Não posso falar muito... eu pensava muito em seguir essa profissão aos 12 anos).

Lá está você, desarmada e com algum problema sério que não se sente capaz de resolver sozinha. Então conta para a primeira pessoa disposta a ouvir. Olhe... os psicólogos paraguaios estão SEMPRE loucos para ouvir alguém e demonstrar suas aptidões. Então você faz a besteira: abre a boca. Fala mais do que devia.

O outro assume então uma voz suave, quase rouca. Isso é o sinal de que ela acha que tem o controle da situação, entende a tua situação melhor do que você e que vai dar um conselho infalível. Se você olhar para ele nesse momento, verá que o seu semblante é grave, sobrancelhas erguidas e olhos semi-cerrados (com ou sem hífen?): um sábio macaqueado. Então começa a falar. Mas você acha que a pessoa está do seu lado? Nem sempre. Como bom psicólogo, ela tentará fazê-lo enxergar os próprios erros. Talvez fale um pouco da Bíblia (e aí ferrou tudo). E no fim dirá o que tem que fazer. Não adianta interromper ou retrucar. Afinal, o desequilibrado no momento é você. O jeito é fazer uma expressão triste de compreensão, mostrar-se tranquilo e sair de fininho.

Eu sou uma pessoa que escuta as outras, juro! E penso sempre que posso estar avaliando tudo de forma errada, contaminada pelas minhas emoções. Até seguia os conselhos. E sabe o que descobri? Que na maioria das vezes essas pessoas só falam MERDA.

É necessário distinguí-los de pessoas que dão um conselho por que têm alguma experiência de vida e passaram por situações parecidas. Essas não tentam impor a própria opinião. Elas se solidarizam, às vezes contam a própria história, dão conselhos discretos. Mas os psicólogos paraguaios... esses caçam pessoas tristes para jorrar a sua visão de mundo (que nem sempre serve para todos). Até fazem isso com a intenção de ajudar... mas com o tempo tornam-se arrogantes e se "profissionalizam": dão conselhos a torto e a direito.

Voltei a pensar sozinha e disfarçar até mesmo a própria tristeza ou carinha preocupada para não atraí-los. Da mesma forma que fazia quando era mais nova, de brincadeira: carregava uma mala pesada e tentava fazer cara e pose de paisagem, como se aquilo estivesse cheio de algodão seco. Ninguém se dispunha a ajudar, mas também ninguém enchia o saco.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Empoeiradas

"Filosofia Social" do Ibn Khaldun no sebo. Os três volumes de 1960 traduzidos para o português por R$ 260,00. Morri! Se eu não tivesse gastado tanto em camisa nude (nude is the new black), blush Bourjois e cera pra unhas e cutículas no último mês, quem sabe.

Difícil ser intelectual e phyna ao mesmo tempo, viu! Eu sei que é melhor ser intelectual baranga, pois assim sobra algum dinheiro para os livros (no caso das minhas amigas fflchianas, economizavam até na depilação). Phyna, inteligente e rica, só a Audrey, mesmo.

Achei um livro embolorado interessante na prateleira... "História do Brasil até os Dias de Hoje". Não me lembro o sobrenome do autor, mas o nome era Alpheu. Tipo... com esse nome, o Brasil já se chamava Brasil quando ele escreveu esse livro?

Phoda, isso.
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Gamei


Sou uma florzinha de Jesus

Chato parecer mais pirralha ainda quando uso jeans e all star. Depois neguinho acha que eu tenho frescura porque não uso melissinha de plástico com lacinho.


Lá estou eu com meu livrinho de Geografia de Ensino Médio (ia dizer segundo grau, porque eu sou dessa época ainda) do Magnoli, bela e concentrada. Aí desavisado me pergunta se eu estou estudando pro vestibular!!!


Ninguém respeita, mesmo. Fala sério, tio!



"Tu acha que eu tô de brincadeira,
mermão??"

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terça-feira, 14 de julho de 2009

Volta, Pedrinho!

Por um acaso tenho sérias dificuldades com a História do Brasil do fim do século XIX e início do século XX.

República Velha é um saco. Começa a aparecer um monte de presidentes (milico, civil, milico que gosta de civis, civil que gosta de milicos, milico da marinha, paulista de chamego com mineiro, gaúcho flertando com nordestino) que durou pouco. Tanto nome me confunde, poxa! Surgiu também uma porrada de visões políticas sobre a república (positivista, anti-positivista, mais ou menos positivista, what-the-fuck is positivismo) e crises bem mais complexas do que as anteriores. Sem falar nas revoltas... todo mundo resolveu liberar os demônios.

Tão fácil um século inteirinho com um ou dois imperadores que - olhem só! - tinham o mesmo nome, sendo um o pai e o outro o filho! Sou monarquista: pela facilidade na hora dos estudos!


Ciclo do café é um saco. Os professores de história paulistanos têm um prazer quase xenófobo em destacar bem esse período. Uma das minhas calégas de sotaque da Moóca deve ter tido um professor bem eficiente: tudo o que é lindo pra ela é "do tempo dos barões do café". Sem falar que a história oficial paulistana simplesmente decidiu que o passado glorioso de São Paulo pulou dos heróicos bandeirantes à prosperidade do café. Prefiro a vila pobre do século XIX cheia de estudantes malucos e marquesa comendo formiga torrada.


Imigrantes italianos são um saco. Eu até tolerava, até a novela Terra Nostra durar um ano. Aí todo mundo passou a se achar o máximo porque tem avô italiano. Eu não tenho nenhum avô italiano, podem me chamar de invejosa, não dou a mínima. Quando chego na parte dos imigrantes num livro de história, eu juro que pulo. Caraca, tive aula de imigração no Brasil por umas três ou quatro novelas insuportáveis. Sei que tivemos anarquistas entre os operários italianos de São Paulo e tivemos uma big greve em 1917 porque o Mateo foi preso, acusado de anarquismo!


Benedito Rui Barbosa, você ferrou com os meus estudos! Die!!!

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Argh!

Se tem uma coisa que abunda nesse prédio em que trabalho, são as baratas (o segundo lugar fica com papelada velha e o terceiro com gente vestindo roupas dos anos 80-90). Ficou com nojinho, bem? Eu também. Ainda não me acostumei. Elas surgem no lixo, no meio dos envelopes novos, nas frestas, nas gavetas, na sua necessáire.


No começo tinha ataques cada vez que via uma delas. Ou seja, quase todos os dias. Até perceber que sempre tinha algúm caléga que me dizia:





"Mas é apenas uma baratinha!"



Como assim? Não existe "apenas uma baratinha". Barata é barata: motivo para gritos, desespero, automutilação (agora é junto?). Pensei na época se não seriam elas a razão para o alto índice de loucura e suicídios no prédio. Mas meus calégas nem se importavam com elas. Alguns até se afeiçoam aos bichinhos. Só faltava trazer um aquário de casa e criar uma fazendinha de baratas.


Então eles - já especialistas nas pequenas - me explicaram que aquelas eram "baratinhas de papel" e nem eram sujinhas. Explico: são baratinhas que se criam no meio de tanta papelada acumulada, e morrem aí mesmo. Algumas são até albinas (depois de tantas gerações sem ver a luz do sol? O próximo passo é... nascer sem olhos, como os peixes abissais?), a coisa mais nojenta que já vi.


Mas fizeram uma reforma na minha sala e jogaram fora as antigas mesas de madeira. Então descubro também que as baratinhas gostam mais dos móveis antigos, porque são mais quentes (?). E com eles, boa parte das baratinhas foram embora. Encontrei a primeira semana passada, depois de 5 meses de mudança.


Mas teve caléga aqui que ficou solitário que só vendo...
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Alma gêmea

Sábado à noite: casal procurando um restaurante sem música ao vivo, onde um chato desafinado cantando Djavan não te deixa conversar direito porque geralmente o som está alto demais e no fim ainda te cobram couvert artístico.

Domingo: casal comendo pão francês amanhecido porque os dois gostam mais do pão murchinho.

Borque casal que é brimo bermanece unido, inshallah!
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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Sentei e chorei

Descobri que fui enganada durante todos esses anos. A Serra do Mar não é uma serra. É uma escarpa!

Me deixem sozinha, por favor!
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Eu podia estar matando...

... eu podia estar roubando, eu podia estar estudando ... mas tô aqui apanhando pra entender como se coloca figuras no lugar onde quero nesse blog.

Enquanto isso, fiquem com a foto "momento diplomático da semana" [passada]:




Tia Michelle vai partir para a continuação da política por outros meios...
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A Carreira

Pra começar, o Ministério das Relações Exteriores tem sim suas subsecretarias de política (Oriente Médio, África, Ásia, etc). Tem também o cerimonial, a assessoria de imprensa, o gabinete do ministro, a assistência consular. Legal, não? Talvez o menos interessante aí para um diplomata seja a assistência consular. Resolver pepino de brasileiro no exterior, emitir vistos para nigerianos que querem tentar a sorte em São Paulo e visitar prisões em Bancoc? Credo, isso é trabalho de ofchan, benhê! Infelizmente, se você der uma olhadinha no organograma (http://www.mre.gov.br/portugues/ministerio/estrutura/organograma_mre.pdf), verá que lá também tem umas coisas um tanto bizarras como "Departamento de Administração". E quem será que faz o serviço administrativo, cuida do departamento de pessoal e das licitações? Credo, isso é trabalho de of.... Alto lá! Os ofchans fazem o trabalho chato, eu sei. Mas quem é o chefe do departamento? Um diplomata, é claro!

O funcionalismo público: padecendo no paraíso

Lembro-me bem das minhas expectativas quando fui nomeada para um cargo público numa secretaria do estado de São Paulo. Tivemos um "curso de integração" infame de dois dias, com dinâmica de grupo, teatrinho, momentos fala-que-eu-te-escuto de muita emoção e apresentação da própria secretaria onde trabalharíamos. Nem preciso dizer que a maior parte dos nomeados estava empolgada, achando que iria trabalhar com questões importantes, dar carteiradas por aí e se exibir para os parentes: "Creuzinha trabalha lá naquele prédio bonito no centro da cidade!" "Nooooossa, Cráudia! Sua filha se deu bem na vida, hein!". Tudo isso sem a preocupação de uma possível demissão.
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Dois meses depois já descobrimos que passaríamos o resto da vida numerando e rubricando páginas de processos (os mais sortudos... alguns carimbam e tiram grampos o dia inteiro), com funcionários beirando os 60 anos e já um tanto surtados (uma das minhas "calégas" chega no trabalho com uns 4 bobes na cabeça... cada um de uma cor) por tantos anos de carimbo num prédio velho e cheio de baratas e sendo alvo do olho gordo dos que só têm cargos em comissão.



"Bom dia, caléga! Como foi seu fim de semana?"



O mesmo deve acontecer quando for nomeada oficial de chancelaria. Achávamos que seríamos um mini-diplomata (sem o concurso absurdamente difícil), viajando pelo mundo e - quem sabe - fazendo um pouco de política externa. Ledo engano. O trabalho é administrativo (isso inclui alguma papelada, carimbos, atender telefonemas, resolver pepinos sobre a distribuição do pó de café do MRE, matricular filhinho de embaixador estrangeiro na UNB...), e talvez o auge da emoção na vida de um ofchan seja visitar um preso brasileiro numa prisão tailandesa.


Mas... e a carreira diplomática? A gente sonha com uma vida regada a champanhe, viagens, imoralidade e luxúria e negociações internacionais. Tem neguinho que acha que vai salvar subir na mesa do presidente dos Estados Unidos e gritar "Fora ALCA e FMI!" e salvar a pátria, outros acham que darão festinhas em Paris com cascatas de Ferrero Rocher (ai, que mega chique, Creuza!), e há ainda os que acham que usarão todo o conteúdo exigido no concurso e realmente farão... política externa.
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Eu não tenho tantas expectativas. Mas ainda assim curto o funcionalismo público. Porque ele me permite continuar com projetos paralelos. Entrei na Secretaria e usei o (longo) tempo ocioso para estudar para outros concursos: usei a biblioteca daqui, na hora do almoço caçava os livros nos sebos do centro e estudei muito na mesa de trabalho na maior cara de pau (afinal quem vai me despedir, hein?). Passei num concurso, tomarei posse em breve e por enquanto ainda continuo aqui. Mas ainda estudo durante o expediente, acho os livros do Magnoli por precinhos camaradas nos arredores e ainda recebo um salário por isso. Quero deixar claro que nem por isso atraso meu trabalho ou deixo de fazê-lo, hein! Sou responsável. Mas o trabalho é pouco, e uso o tempo restante.
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Enfim... se você é folgado como eu, tem um diploma que não vale muito no mercado de trabalho e gosta de estudar, o funcionalismo público é o seu lugar. Mas já sabe como isso termina, não é, caléga?
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sexta-feira, 10 de julho de 2009

A embaixada

A idéia do blog é antiga. Ninguém aqui sabe, mas em outra vida (Lu, me empresta a expressão?) já fui uma blogueira famosa. Mas começaram a dar palpites demais, todo mundo queria decidir o que iria escrever e como e virou bagunça. Cansei.

Foi difícil pensar num nome original, engraçado, interessante. E pelo jeito não consegui. Pensei primeiro em "puta vestida de moça" em homenagem a um pregador barbudinho que vi outro dia na Rua Direita. Ele babava e vociferava com uma bíblia na mão: "É mais uma puuuuta vestida de moça!". Olha, nunca vi pregador falando palavrão. Gamei. Mas como eu não sou puta vestida de moça e ia pegar muito mal pro meu blog, além de atrair leitores adolescentes cheios de espinhas fazendo pesquisa no google, deixei de lado.

Mas como eu passo o dia lendo alguma coisa pro CACD, sou pré-ofchan (ano que vem!) e meu namorado é um diplomata wannabe semi-profissional, meu mundo atual gira em torno desse concurso. E por que não homenagear uma das maiores pérolas da geopolítica dos últimos tempos? Sarah Palin, we worship you!

O layout rosinha presta homenagem aos futuros colegas diplomatas, ops, ao Palácio do Itamaraty original, no Rio de Janeiro (o paláthio rothinha - pronúncia como o th de think). Não esperem aqui postagens padrão CESPE ou resumos de matérias. Não critiquem o meu português, minha redação sem começo, meio e fim e mau uso das vírgulas ou novas regras ortográficas. Tampouco minhas imprecisões históricas e geográficas. Tá insatisfeito? Vá estudar, que internet não é lugar pra diplomata wannabe ficar perdendo tempo.
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A diplomata

Funcionária pública, cientista social, diplomata wannabe, perua.

Funcionária pública porque o diploma de cientista social que a USP me deu não me serviu para um trabalho de verdade. E também porque gosto de ser folgada e não esquentar a cabeça com pró-atividade, metas e todas essas viadagens "made in Berrini". Meu dia é típico daquele funcionário público mítico: o ser que fica à toa o dia inteiro e vez ou outra carimba e numera páginas de um processo, dá informações erradas ao público ou empurra para outro funcionário público mais filho da mãe. Em breve farei isso em Botsuana e onde o Brasil tiver um posto do Ministério das Relações Exteriores.

Cientista social porque... sabe como é. A gente tem 17 anos, precisa escolher uma profissão e assistiu muitos filmes do Indiana Jones na infância. Aí decide ser antropóloga, pensa que vai pesquisar sistemas políticos tribais na Alta Birmânia e ter uma puta vida interessante. Depois de alguns anos, bombas na faculdade e desilusão, acabamos ficando desempregados e começamos a estudar para concursos públicos (os que não puxaram o saco de algum professor e não conseguiram uma bolsa) ou viramos motoristas de macumbeiro (os que conseguem um mestrado. Não se enganem: Antropologia no Brasil é limitada... é pesquisar índio, terreiro ou tribos urbanas). No meu caso, fiquei de saco cheio dos barbudinhos de esquerda, das meninas que pobres que não têm dinheiro pra comprar uma gilete pra depilar a perna e do sistema sexo-por-bolsa. Decidi não pisar mais na FFLCH (saudosa Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), tampouco no misterioso "prédio do meio", reduto dos anarco-mauricinhos das faculdades de Filosofia e Ciências Sociais.

Diplomata wannabe porque eu não quero carimbar processos e ganhar um salarinho de fome pelo resto da vida. Call me metida, mas fiz USP, néam. Eu tive noções de Política Internacional, Economia, Geografia e Gilberto Freyre na faculdade e aprendi a ler muito e com rapidez. Também curto a bibliografia gigantesca do CACD (Concurso de Admissão à Carreira Diplomática), mas estou seguindo num ritmo mais lento. Claro... eu devia estar estudando em vez de ficar aqui enchendo um blog de abobrinha, mas eu ainda quero evitar a fadiga. Meu projeto é a longo prazo. Quando me mudar pra Brasília (ano que vem), quem sabe eu levo à sério.

E perua... porque atóooron make e moda, amygas! Sei que isso está contra a corrente de cientistas sociais de pernas cabeludas e sainha hippie, mas já disse que estou de saco cheio daquela gente. Adoro creminhos, blushes e lenços. Gasto 1/3 do meu salário em perfumaria, mais 1/3 em roupas e o restante em livros. Mamãe-quero-ser-Audrey-Hepburn, que era phyna e inteligente!

Só não vou falar com detalhes que sou neurótica, depressiva e caipira porque isso vai ficar evidente daqui pra frente.
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