terça-feira, 25 de maio de 2010

Guia pessoal de Curitiba

Minha família é nômade, como grande parte das famílias brasileiras. A bisavó, capixaba, conheceu meu bisavô no Rio de Janeiro. Minha avó nasceu lá e veio criança pro norte do Paraná. Conheceu meu avô, mineiro que morava na mesma cidade. Casaram-se e foram pra Curitiba. Mamãe nasceu lá, e veio criança para São Paulo.

Porém, quase todo o resto da família ficou por Curitiba, e é pra lá que nós voltamos em enterros, casamentos e - no passado - férias escolares. É a "terrinha" com a qual identifico minha infância e minhas raízes.



Estou com vontade de ir para lá em algum feriado para passear, como fazia na adolescência. Curtir um pouco a cidade. E comecei a montar um guia muito pessoal que pode não servir para vocês, mas serve muito pra mim.

Curitiba é uma cidade muito bonita, limpa, bem cuidada. Os curitibanos acham que são europeus e vez ou outra ouço um primo falar em "separação do Brasil". Eles têm o nariz empinado mesmo, mas quem visita a cidade sabe que no fundo eles tem muito motivo de ter orgulho da cidade.



Primeira atração: a casa da bisavó
A "casa da bisa" foi construída pelo meu bisavô num bairro polaco. Fica distante do centro. Nove quilometros, talvez (chorem, paulistas!). As casas têm gramados, muitos pinheiros-do-paraná, vizinhos intrometidos de cara vermelha e uma linha de trem de carga que passa apitando umas 2 vezes por dia. Quando ouvíamos o apito do trem só dava uz piá tudu correnu na rua pra vê-lo passar.
A casa da bisa tem uma nespereira e uns pezinhos de morangos que nunca ficavam maduros porque a criançada não tinha paciência. Possui ainda um depósito mal assombrado que divide espaço com a sala de costura da minha tia-avó.


Eba! Já tive cabelo bonito!


Atualmente, não possui mais crianças. Elas cresceram, e hoje a casa é habitada por 3 tias-avós que nunca se casaram. A bisa se foi há poucos anos, mas o quarto dela é o melhor de todos.

Prós: a penteadeira das tias... cheias de latas azuis de creme Nívea e perfumes com borrifadores. Dá vontade de mexer em tudo.
Contras: há riscos do visitante desavisado ser coagido a participar de um culto religioso com minhas tias-avós. Isso inclui uma oração de 25 minutos contados no relógio. Tenho fotos dos meus joelhos vermelhos para provar isso.


Frio
Não é brincadeira. Minha mãe conta uma história de neve não-sei-quando que me encantou na infância. Mas experimente acordar cedo (porque suas tias querem te levar para a igreja), olhar pra fora e ver a grama toda queimada da geada da noite e ver que a tua mala com roupas está longe da cama da qual você precisa sair. É sofrido, minha gente. Muito choro e ranger de dentes.


Parques
A cidade possui muitos parques. O parque Tanguá é bastante conhecido, mas tudo aquilo ali é fake. Só tem cachoeira quando a bomba está funcionando.



O parque da Barreirinha tem um lago cheio de criaturinhas vivas. Se tiver filhos, não os leve lá. Eles trarão um pote cheio de girinos pra casa.

Comida
Os melhores doces, pelos melhores preços. Pode-se encontrá-los tanto nas confeitarias quando nas mais simples panificadoras (lá não tem "padaria"). Recomendo levar um potão de nata de lembrança (junto com uns 3 quilos a mais, no mínimo). Não recomendo o cuque de banana, porque nenhum tem a receita infalível da farofinha de noz moscada de vovó.
E o melhor de tudo... refrigerante de framboesa. Rosa choque, lindo, poderoso, um luxo!

Compras



A feirinha de domingo no centro da cidade é a melhor de todas. Por quê? Porque tem todos os tipos de roupas e sapatos da Barbie, e quando eu crescer e ficar rica vou comprar aquilo tudo pra mim!!!




***

Só peço perdão por não ser trendy e conhecer os pontos mais descolados da cidade. Meu guia não é muito moderno. Mas é uma delícia.

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4 comentários:

Anônimo disse...

Hermann Hesse certa vez disse que "Ler um livro é para o bom leitor conhecer a pessoa e o modo de pensar de alguém que lhe é estranho. É procurar compreendê-lo e, sempre que possível, fazer dele um amigo".

Leia-se "livro e blog"!
abraços,
Rachel

annie disse...

sim é uma delícia ! teoricamente sou paulista, praticamente sou curitibana. passei a vida lá. e amo a cidade ! seu guia me deu saudades !

em outubro vou andar por aquelas calçadas de pedras soltas e já fiz meu roteiro, que também inclui feirinha no largo, parques, rua XV ... e comida, muita comida ! só dispenso a cini framboesa ! rs!

ah, curitiba !

beijinhos!

Damine disse...

ai que fofo! Não conheco Curitiba. Quem sabe um dia...

Agora, a propósito:

QUE TAMANHO DE SAIA É ESSE, MULÉ?

Prontofalei.

bjs
Damine

Jamile disse...

Poxa, Rachel... nem sei o que dizer. Ainda me surpreendo quando gostam do que escrevo.

Annie, como assim dispensa a gasosa??? Ela é puro luxo, poder e sedução!

Damine, eu podia, né? Agora isso não me pertence mais, sniff!