terça-feira, 15 de setembro de 2009

Desventuras públicas: medo e outros encostos

Não é necessário ser moreno, alto, bonito e sensual para ser um funcionário público vítima da inveja. Na verdade essas qualidades acima podem até te ajudar no Merr... - ops - em alguns órgãos públicos.

Porém, quando se entra através de um concurso público, as coisas podem complicar. Primeiro, porque nem todos os seus calégas são concursados. Alguns deles terão cargos em comissão, que são necessários para serviços mais especializados ou chefia. Acontece que nem todos os cargos em comissão são lá muito úteis: alguns deles são apenas cabide de emprego.

E alguns dos calégas com cargos em comissão não fazem diferença nenhuma ali dentro (não generalizo, mas isso acontece). Eles não são mandados embora porque estão lá há muito tempo e se transformando em patrimônio físico do órgão público, porque tem filhos, marido doente ou um bom padrinho.

Então você chega com um cargo efetivo. Essa pessoa está sobrando. Ela naturalmente ficará na defensiva... a tendência atual é substituir comissionados por concursados, e o cerco está se fechando (bem lentamente, como tudo o que envolve a administração pública). Então ela pode tentar prejudicá-lo ou mostrar que o serviço dela é mais relevante do que o seu. Ela vai trabalhar direito, então? Não... vai tentar provar que você é que é incompetente: se puder vai te dar o serviço mais imbecil da repartição, ou te dará serviço sem te ensinar como se faz. Chamará a tua atenção cada vez que cometer um erro mínimo (carimbar dois centímetros acima do lugar do papel a ser carimbado) e fará a cabeça do caléga-mor contra o novato.`

O papel do funcionário com cargo em comissão pode ser substituído pelo estagiário, que tem prazo para sair de lá mas tem esperanças de se formar e abocanhar um cargo em comissão.
Se você tem capacidade para fazer um bom trabalho, um abraço. Quando quiser dar a sua opinião, alguém vai dizer (na sua frente ou pelas costas): "Mal chegou, já está querendo mudar tudo??"
Aconteceu aqui: um rapaz entrou numa seção com pessoas legais que o valorizaram. Logo foi designado para uma função, começou a substituir a chefe nas férias dela. Mas outra seção que trabalhava diretamente com eles resolveu se amotinar contra o rapaz, porque ele "já queria mudar tudo, era metido a besta, achava que era doutor". E ele só pediu para retirar uma palavrinha nos ofícios.

Quanto menos concursados tem um órgão público, mais recorrente é esse problema do medo em relação aos novos funcionários.
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