sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Lei da Mordaça ainda existe?

Porque talvez eu esteja infrinjindo a lei. Eu ia responder um comentário com outro comentário, mas preferi transformar em post.


Pra começar, minha implicância com o Serra é pessoal. Já o vi aqui na Secretaria e POUTZ, ele é feio, gente! Branquelo, corcunda... um Nosferatu com mais cabelinhos na cabeça.


[Na verdade eu não tenho simpatia por político nenhum, por partido nenhum]


Minha família é cheia de funcionários públicos. Tios avós, tios, minha mãe e eu. Todos concursados, diga-se de passagem. Então posso falar do que acontece aqui onde trabalho e sobre o trabalho da minha mãe e tios, embora mamãe e titias sejam enfermeiras (minha tia trabalha no SAMU e é campeã e resgate de bêbados que não têm o que fazer).


E, ao contrário do que todo mundo pensa, funcionário público trabalha MUITO e ganha uma miséria pra isso. Tem gente aqui que corre o dia inteiro, fica além do horário quase todo dia e não ganha hora extra. Ganha um vale alimentação de 4 reais por dia, não recebe todo o valor do transporte público que usa no mês e fica 13 anos sem aumento.


"Mas você vive dizendo que não faz porra nenhuma!"


Sim, eu não faço. Porque o trabalho aqui na minha seção é pouco e há muitos funcionários, porque meu chefe acha que se ele tiver muitos funcionários todo mundo vai pensar que a seção dele é importante. Eu faria bem o trabalho de 4 pessoas aqui e não ficaria sobrecarregada (como já fiz, quando resolvem faltar). Mas eu sou um caso à parte entre as pessoas que entraram comigo e batem cartão, tem uma horinha certinha pra almoçar, não recebem gratificação, etc. Além disso, eu trabalho no gabinete, onde o trabalho é mais burocrático do que no resto da Secretaria, e portanto mais lento e cheio de detalhes. Se não for detalhado e se não enchermos cadernos com processos que entram e saem e não arquivarmos tudo direitinho, não seria possível fazer uma investigação quando fizessem merda, certo?


Mas o que acontece especificamente aqui é que a maior parte dos cargos são cargos em comissão. E boa parte deles é cabide de emprego. E na boa... sobra gente. Mas não mandam embora porque um está aqui há muito tempo, porque o outro tem filhos, porque o outro sabe demais, blablabla.


E o perfil do servidor público está mudando. Há alguns anos a tendência é preparar melhor o servidor, dar prêmios por produtividade, avaliar o trabalho dele de tempos em tempos. Parece que procuram também aumentar o número de concursados e diminuir o número de cargos em comissão (porque às vezes esses cargos não são específicos e podem fazer um concurso pra ele). Então só entra quem passou pela avaliação - cada vez mais acirrada - do concurso, e não o cara que um funcionário indicou, o namorado da neta...


Os funcionários novos são mais dinâmicos, mais preparados. Os que entram em cargos de nível médio geralmente têm nível superior ou cursam faculdade. Muitas vezes tiveram experiência em empresas de grande porte. E bem lentamente a administração pública tem procurado deixar sua tendência burocrática para assumir uma postura mais gerencial.


No entanto ainda temos os funcionários pré-históricos. Não de idade, mas com uma cabeça de funcionariozinho que tem suas regalias, que faz tudo no ritmo que quer, que presta mais atenção nos detalhes do processo do que no processo como um todo. Vou exemplificar com frases que ouvi de calégas:


"Eu vou descansar 15 minutinhos antes do almoço e 15 minutinhos depois do almoço" (ué, hora de almoço já não é pra descansar? Ou você come tão afobadamente que sua feito um porco e se cansa?)


"Chefe precisa ter suas regalias. Ele não está aqui pra trabalhar, está aqui pra mandar. Ele pode chegar mais tarde e sair mais cedo." (Até onde sei o chefe trabalha tanto ou mais do que os outros. E se ele só serve pra mandar, que pelo menos chegue cedo pra fiscalizar o serviço dos outros. Mas se nem pra isso serve... chefe pra quê? Pra dizer pros amigos que ele é chefe?)


"Eu chego atrasada, mesmo. Se eu chegasse na hora a gente não precisaria de chefe. Então justifico o cargo dele." (hum... precisa comentar?)


Olha... se eu pudesse exonerava metade desse prédio e ele continuaria no mesmo ritmo. Tá, sou malvada, tenho mente capitalista e devo estar mentindo que odeio o Serra. Mas tem gente que não faz mesmo questão de trabalhar e empurra pros outros. E se ainda fosse concursado.... mas não, geralmente tem um cargo em comissão. Então, meu filho, ganhar salário pra não fazer nada... é jogar merda na cara do contribuinte.


O assunto vai longe, mas aos pouquinhos volto a ele num post ou outros. Porque criticar caléga é meu esporte diário.



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2 comentários:

Anônimo disse...

Bem observado, uns funcionários públicos trabalham muito e se dedicam, já outros estão lá só pra mamar nas tetas do Governo (maioria? não? não sei). Pelo menos, como vc disse, isso tende a mudar. Galera mais jovem, concursada e com curso superior... espero que sim realmente, porque o que acontece em muitos casos atualmente é "jogar merda na cara do contribuinte" mesmo.

Quando fui lendo as coisas que algumas pessoas disseram, que vc transcreveu aqui, fiquei com náusea. Funcionários desse naipe deveriam ser exonerados MESMO.

E meus parabéns pra vc e pras pessoas da sua família que pelo jeito são bons funcionários públicos. Brasil seria bem diferente se só gente assim fizesse parte do quadro público.

Quanto ao Serra ser feio, pelo que vejo na TV, é mesmo. Mas continuo achando que votaria nele. Dilma é bem dragãozinho também ;)

Jamile disse...

também tive náusea quando ouvi isso da boca desses funcionários. E olha que eu sonho com um "chefe-messias" que um dia vai mandar gente que pensa assim embora.
As mudanças são muito lentas, mas estão acontecendo. Quando tivermos uns 60 anos será diferente, rs.
Poxa, a Dilma tá uma coisinha estranha depois da plástica,~não? Acho que vou anular meu voto...