terça-feira, 22 de setembro de 2009

Fim de mundo, caléga?

Fim do ano estou indo ao Nordeste pela primeira vez para conhecer meus sogros. Primeira vez porque devo ser menos do que classe média e nunca paguei um pacote da CVC. É que na boa... buggy, trio elétrico e skibunda não são coisas que me atraem muito. Deixemos o Axé enterrado nos anos 90.

[aliás, até hoje tem um CD "Axé Bahia" lá em casa com duas bundas na capa usando shortinho de Carla Peres. Alguém levou ao aniversário de 12 anos do meu irmão há trocentos anos atrás e esqueceu. Aposto que o dono esquecido não foi atrás com medo de ser identificado com tamanho mau gosto.]

Então a caléga vem aqui na minha mesa jogar conversa fora. É a única caléga para quem eu conto as coisas, porque ela não é invejosa e não passa pra frente porque acha que todo mundo vai usar isso contra ela um dia (paranóia é pouco). Então ela pergunta:

- E o que você vai levar de presente pra sogra, hein?

[Ela se empolga com a minha vida. A dela é muito chata.]

- Ah, estou pensando em levar um jogo de cama bordado.

Porque eu fiz um curso de patchwork e aprendi um bocado de coisas. Bordo, faço tricô, crochê, assovio e chupo cana. E eu sempre faço apliques de tecidos recortados em formato de flores e outras coisas fofas e mamãe faz o caseado em volta. Fica um chuchuzinho de fofo. Todo mundo gosta de ganhar de presente, e patchwork é um troço caro pra caramba por aí. Será que um jogo de cama 300 fios não é um presente bom?

Mas caléga fez careta:

- Ah, não! Isso tem de monte lá no Nordeste! Todo mundo lá faz bordado, faz renda... Leva uma coisa que não tem lá!

[Detalhe: caléga tem uma lista de justificativas para falar mal dos nordestinos. Ou melhor, "essa gente nortista", segundo ela. ]

Ok... coisa que não tem lá? Vamos ver... no Nordeste tem: comidas típicas e folgedos (livro de Estudos Sociais mode on), renda, latifundiários e seus filhos libidinosos, a família do Sarney e do ACM, fogão a lenha, casinhas caindo aos pedaços, chapéu de couro, fitinha do Nosso Senhor do Bonfim, devotos do padim padi Ciçu, mandacarus, gente falando mole, mamulengos, redes, pescadores, macumbeiros, cachorros com nome de Baleia, repentistas pé-no-saco, forró, terra rachada de secura, cabeçudos e pobreza, muita pobreza.

Certo?

Então vou levar uma coisa que não tem lá. Que tal... um liquidificador??? Xi... será que tem tomada pra ligar? Será que vão saber o que é patchwork?

Poxa vida... em Recife tem Livraria Cultura, e pra mim isso já é sinal de civilização avançada. Inclusive tô com uma lista de coisas para comprar em lojas de lá que não têm nada igual em Sampa City (e não são lojas de bibelôs e outros porta-pós-na-estante locais). Tem shoppings bapho, tem internet (ohh, pasmem!), tem moda e até similares da Daslu (oi, Dona Santa?). Lá também tem gente rica e tem até classe média que paga pacotes da CVC pra Serra Gaúcha ou pra Buenos Aires! Ou seja... tem tudo o que tem aqui, só que eles não falam com o nariz entupido como nós paulistââânos, meu.

Só não têm 25 de março. Morram de inveja.

Fim de mundo é Itajuba-SC, que há dez anos só tinha uma sorveteria e uma coisa que eles chamavam de shopping que era um galpão com stands de bijuterias e roupinhas de praia vagabundas que abria às 16:00 hrs (sim, QUATRO DA TARDE!). E hoje em dia tem uns 3 barzinhos no centrinho, graças a Deus.

[E nos anos 90, loiras locais dançando axé na varanda de casa].

Já sei! Vou levar um pen drive de 64 gigas do marreteiro do centro por 20 reais pra sogrinha. Aposto que isso não tem lá.

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5 comentários:

Marcela disse...

Vocês esqueceu de incluir na descrição do NE os bugues e os orelhões em forma de frevo e de coco.

Conhecer sogros?! Sugiro, por precaução, levar um Laboutin agulha na bolsa, tá? ;)
Ahnn, mas acho que o jogo de lençol tá ok. Os bordados de lá são muito peculiares e IGUAIS. Em todas as lojas/barracas/mercados você vai ver as mesmíssimas coisas, sério. Pode levar também uns creminhos pra sua sogra - difícil mulher que não gosta, e aqui há coisas diferentes.

Jamile disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jamile disse...

Pensei nos cremes também... lá não tem L'Occitane! Nem aquelas caixas retrôs da Granado, que são bem mais em conta, rs.

Acho que não precisarei do Louboutin. A sogrinha odeia de todo coração a ex do namô "Lady Kate" e eu já fui com a cara dela por isso, hehe.

bjão, Marcela!

Philos disse...

Se for em Recife, há o atelier de Francisco Brennand (www.oficinabrennand.com) que tem maravilhas em cerâmica, embora caras.

Jamile disse...

Obrigada pela dica, Philos. Mas acho que vou ficar só olhando, mesmo, rs. Senão como vou pra bsb levar os exames médicos depois?