sexta-feira, 24 de julho de 2009

Biblioteca para inimigos

Já deu pra perceber que não sou uma mocinha do amor. Sou mais dada ao ódio. E eu tinha que odiar alguns dos livros da bibliografia do CACD, é lógico. Independentemente da matéria. Choro pra estudar Economia, mas o Santo Mankiw (protetor dos dummies) é meu queridinho.

Pela lista a seguir perceberão que estou bem no começo dos estudos. Não me olhem com desprezo, sentimento muito presente entre os diplomatas wannabe que já acham que são superiores simplesmente porque estudam para um concurso que tem mais de dez páginas de bibliografia (e fizeram o concurso pra ofchan escondidos, que eu sei e tenho provas!).

Por uma outra globalização, Milton Santos: é básico, eu sei. Me apedrejem. Mas aquilo parece um livro de comunicação pseudo-culto, Gizuis! "oh, estamos numa nova era", "as novas tecnologias isso", "a Era de Aquários aquilo". Chato pra burro! É fininho e se lê numa tarde de domingo, mas eu não consegui até agora! Curto muito mais decorar o relevo brasileiro.

A Era das Revoluções, A Era do Capital, etc., Hobsbawn: chamados pelos íntimos de "As Eras do Hobs". Se não tiver lido um bom livro de História do Ensino Médio (a velha aqui já ia escrever "segundo grau") como o do Edward Burns, o leitor pode acabar boiando. E dá pra perceber logo que o cara é marxista, pois sempre dedica ao menos metade do livro aos "trabalhadores do mundo". Já me bastam os anarco-mauricinhos que suportei na faculdade por 5 anos e seus discursos no saguão sobre a Alca, o FMI e a Palestina que interrompiam as aulas.
E quando ele começa a despejar datas e números para provar algo? "Em 1820 os Estados Unidos tinham 150 km de ferrovias, em 1850 eram 300 km de ferrovias e em 1900 já eram 1850 km...". Caraca, se eu vejo números na minha frente, minha cabeça funde! É por isso que quero o CACD, e não o concurso para Fiscal de Rendas! Eu entenderia melhor se ele dissesse: "Ó, gente, as ferrovias aumentaram um montão no século XIX nos Estados Unidos. Entenderam, crianças?".

Casa Grande e Senzala, Gilberto Freire: já vou logo dizendo que o livro é uma delícia de se ler. No fim a gente acha que vive num país lindo e que todas as raças se amam. Sei de gente que chorou no fim do livro (né, não, Siddi?). Mas eu acho racista e ponto final. Sei que devemos entendê-lo de acordo com a época em que foi escrito e perdoar o Gil. Mas tem gente que não tem esse filtro e não teve a felicidade que eu tive de estudar esse livro com a gloriosa Lilia Schwarcz.

Visões do Paraíso, Sérgio Buarque de Holanda: gostei muito do outro livro, o Raízes do Brasil (numa biblioteca de botânica perto de você!). Mas esse parece ter um assunto interessantíssimo e no fim é enfadonho toda vida. Tem pérolas, curiosidades... mas até chegar em uma delas, você terá umas dez páginas de puro tédio. Se entender, é claro. Porque ele tem mania de fazer ctrl+c e ctrl+v de cartas em português arcaico, documentos e diários que fazem a gente perder o foco. Na terceira página de "muitieremá" pra cá e pra lá, a gente nem sabe mais o que está lendo.
Sem falar que deixei esse livro em cima da mesa do trabalho e fui almoçar. E na volta os evangélicos já perguntaram se aquele livro era religioso e do que se tratava.

História Concisa do Brasil, Bóris Fausto: nem pense em usá-lo no lugar do História do Brasil, aquele livro enorme que custa os olhos da cara (ah, você também estava com pouco dinheiro na hora de escolher, né!). Ele espreme a Guerra do Paraguai em uma página e só um gênio consegue decorar aquilo (pela disposição dos fatos, parece mesmo feito para decorar). Porque aquilo não é pra entender História do Brasil... aquilo é quase uma daquelas Cronologias de fim de livro de história. No entanto, é ótimo para ser lido depois de ter devorado e fichado o livrão-papai.

Curso de Direito Internacional Público, Celso Duvivier de A. de Mello: Zzzzzzzzz....

Bem, crianças, esses são os que me lembro agora. Sei que terei muitos pela frente. E infelizmente boa parte deles não tem substitutos. Meu namorado fala tanto num Cançado Trindade que eu tenho até medo de enfrentar (mamães de futuros juristas, não maltratem seus filhos na hora de registrar! Todo jurista famoso tem nome de velho cheio de teias de aranha, não?).

Mais algum pra lista?


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2 comentários:

Camila Scarpati disse...

Tenho mais uma dúzia de livros de História pra colocar nessa lista, mas enfim...

Desejo chamas e nada além disso pro Boris Fausto e seu jeito de ensino médio! Detalhe que tive que ler ele na faculdade (¬¬''), e ler na orelha do livro que o dito cujo era indicado pra estudantes de ensino médio. Pior que ele só o Vicentino!

Sobre o Hobs que não morreu até hoje, continua escrevendo e vai ficar pra semente, depois que ele colocou no "Era dos Extremos" o número de empregadas domésticas na Inglaterra, joguei a toalha.

Gilberto Freire me fez escrever na prova as palavras "masoquismo" e "sadismo" e fiquei feliz por isso. Nunca pensei que fosse usar essas palavras numa prova da faculdade. Tive que fichar um pedaço de Casa Grande e Senzala, e quando ele fala sobre a "sífilização" do Brasil. Causada pela linda miscigenação, também foi outro que falei "ah, deixa pra lá!"

Enfim, me empolguei. Leio coisas piores, e nem vou virar diplomata! rs.

ah, tb gosto da Schwarcz!

Anônimo disse...

OI, tambem to no inicios dos estudos mas estou com muita dificuldade pra achar a pagina com a bibliografia indicada para o concurso, se alguem puder mandar pra mim, eu agrade;o. bjs.