quinta-feira, 16 de julho de 2009

Psicología Paraguaya, si senõr

Se tem uma coisa que me dá vontade de sair correndo, são os conselhos sábios de pessoas que acham que têm um dom inato para a psicologia. Não se engane: elas povoam o mundo. Geralmente são mulheres. Mas nenhuma delas completou sequer um semestre na faculdade de psicologia (aliás, já perceberam que gente louca adora fazer psicologia? Para tentar entender a própria loucura, talvez? Não posso falar muito... eu pensava muito em seguir essa profissão aos 12 anos).

Lá está você, desarmada e com algum problema sério que não se sente capaz de resolver sozinha. Então conta para a primeira pessoa disposta a ouvir. Olhe... os psicólogos paraguaios estão SEMPRE loucos para ouvir alguém e demonstrar suas aptidões. Então você faz a besteira: abre a boca. Fala mais do que devia.

O outro assume então uma voz suave, quase rouca. Isso é o sinal de que ela acha que tem o controle da situação, entende a tua situação melhor do que você e que vai dar um conselho infalível. Se você olhar para ele nesse momento, verá que o seu semblante é grave, sobrancelhas erguidas e olhos semi-cerrados (com ou sem hífen?): um sábio macaqueado. Então começa a falar. Mas você acha que a pessoa está do seu lado? Nem sempre. Como bom psicólogo, ela tentará fazê-lo enxergar os próprios erros. Talvez fale um pouco da Bíblia (e aí ferrou tudo). E no fim dirá o que tem que fazer. Não adianta interromper ou retrucar. Afinal, o desequilibrado no momento é você. O jeito é fazer uma expressão triste de compreensão, mostrar-se tranquilo e sair de fininho.

Eu sou uma pessoa que escuta as outras, juro! E penso sempre que posso estar avaliando tudo de forma errada, contaminada pelas minhas emoções. Até seguia os conselhos. E sabe o que descobri? Que na maioria das vezes essas pessoas só falam MERDA.

É necessário distinguí-los de pessoas que dão um conselho por que têm alguma experiência de vida e passaram por situações parecidas. Essas não tentam impor a própria opinião. Elas se solidarizam, às vezes contam a própria história, dão conselhos discretos. Mas os psicólogos paraguaios... esses caçam pessoas tristes para jorrar a sua visão de mundo (que nem sempre serve para todos). Até fazem isso com a intenção de ajudar... mas com o tempo tornam-se arrogantes e se "profissionalizam": dão conselhos a torto e a direito.

Voltei a pensar sozinha e disfarçar até mesmo a própria tristeza ou carinha preocupada para não atraí-los. Da mesma forma que fazia quando era mais nova, de brincadeira: carregava uma mala pesada e tentava fazer cara e pose de paisagem, como se aquilo estivesse cheio de algodão seco. Ninguém se dispunha a ajudar, mas também ninguém enchia o saco.

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